VIOLÊNCIA, FUNÇÕES EXECUTIVAS E POSSÍVEIS IMPACTOS NA APRENDIZAGEM DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

Autores

  • Leandro Jorge Duclos da Costa Universidade Estadual de Goiás
  • Camila Santiago Ribeiro Centro Universitário Estácio de Goias e UniAraguaia.

DOI:

https://doi.org/10.61164/nr9rws29

Palavras-chave:

Violência, Funções executivas, Desempenho acadêmico.

Resumo

O presente estudo investiga os impactos da violência na infância e adolescência sobre as funções executivas e o desempenho acadêmico de estudantes universitários, ressaltando a importância de suporte institucional para essa população. A violência contra crianças e adolescentes, em formas como como abuso físico, emocional e negligência, é um problema global com altas taxas no Brasil. Experiências traumáticas precoces impactam o desenvolvimento cerebral, afetando a memória de trabalho, o controle inibitório e a flexibilidade cognitiva, funções essenciais para a adaptação e sucesso no ambiente universitário. O objetivo geral do estudo é compreender como os traumas vividos na infância e adolescência afetam as funções executivas e analisar seu o impacto na aprendizagem e adaptação acadêmica dos universitários. A metodologia consistiu em revisão sistemática de estudos empíricos publicados entre 2000 e 2024, em português, inglês e espanhol, realizada em bases de dados como Scopus, PubMed, PsycINFO e Web of Science. Os resultados revelam que estudantes universitários com histórico de violência infantil frequentemente apresentam déficits nas funções executivas, como a memória de trabalho, fundamental para reter e manipular informações em atividades acadêmicas, e o controle inibitório, necessário para a concentração e controle de impulsos em tarefas que exigem disciplina, o que aumenta a vulnerabilidade ao estresse acadêmico e ao risco de evasão. Além disso, a dificuldade em regular emoções compromete o estabelecimento de redes de apoio social, essenciais para o bem-estar e a resiliência no ambiente universitário. Diante dos achados, o estudo sugere que as instituições de ensino superior implementem políticas inclusivas e programas de apoio psicopedagógico que fortaleçam as funções executivas e promovam estratégias de enfrentamento, favorecendo a permanência e equidade no ensino superior. A criação de um ambiente inclusivo, com suporte institucional adequado, é essencial para garantir que todos os estudantes possam alcançar seu pleno potencial acadêmico e pessoal.

 

 

Referências

Referências

AINAMANI, H. E.; ELISON, M.; et al. Violence, executive functions and learning: effects of childhood traumas on the academic performance of college students and the need for institutional support. 2021.

ANDREOTTI, T. Dificuldades emocionais e desempenho acadêmico em universitários. Estudos de Psicologia, São Paulo, v. 17, p. 23-31, 2012.

BADDELEY, A. D.; HITCH, G. J. Working memory. In: BOWER, G. A. (Ed.). The psychology of learning and motivation. New York: Academic Press, 1974. p. 47-89. DOI: https://doi.org/10.1016/S0079-7421(08)60452-1

BRASIL. Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Relatório sobre a violência contra crianças e adolescentes no Brasil. Brasília, 2022.

DIAMOND, A. Executive functions. Annual Review of Psychology, Palo Alto, v. 64, p. 135-168, 2013. DOI: https://doi.org/10.1146/annurev-psych-113011-143750

EGRY, E. Y.; GUEDES, N. A.; SANTOS, A. P. P.; FONSECA, R. M. G. Dificuldades de regulação emocional e desempenho acadêmico. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 52, p. 32, 2018.

FROTA, L. B. Inclusão e permanência no ensino superior: desafios e possibilidades para alunos com histórico de violência. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, v. 22, p. 145-159, 2017.

KNAPP, P.; MORTON, E. Emotion regulation and impulsivity in college students with a history of childhood trauma. Journal of Child Psychology and Psychiatry, Londres, v. 54, n. 4, p. 377-386, 2013.

MIYAKE, A.; FRIEDMAN, N. P.; EMERSON, M. J.; WITZKI, A. H.; HOWERTER, A.; WAGER, T. D. The unity and diversity of executive functions and their contributions to complex “frontal lobe” tasks: A latent variable analysis. Cognitive Psychology, San Diego, v. 41, p. 49-100, 2000. DOI: https://doi.org/10.1006/cogp.1999.0734

NUNES, M.; SALES, L. Políticas inclusivas e suporte psicossocial para estudantes universitários com histórico de violência. Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo, v. 20, n. 3, p. 635-646, 2016.

PEREIRA, R. A.; OLIVEIRA, J. F.; MORAES, S. S. Suporte psicossocial e desempenho acadêmico em estudantes de ensino superior. Psicologia: Reflexão e Crítica, Porto Alegre, v. 22, n. 1, p. 109-117, 2009.

PRIMI, R.; ALMEIDA, L. S. Avaliação da memória de trabalho e seu impacto no desempenho acadêmico. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 16, n. 1, p. 1-8, 2000.

SHARKEY, P.; TIRADO-STRAYER, N.; PAPACHRISTOS, A. V.; BESKOV, C. The effect of local violence on children’s attention and impulse control. American Journal of Public Health, Washington, DC, v. 102, n. 12, p. 2287-2293, 2012. DOI: https://doi.org/10.2105/AJPH.2012.300789

SU, Y.; LIU, C.; LI, W.; WANG, X. Cognitive and emotional regulation interventions for college students with a history of childhood trauma. Psychological Services, v. 16, n. 1, p. 109-117, 2019.

VALENTINI, F.; LAROS, J. A. Funções executivas e dificuldades de aprendizagem: uma revisão sistemática. Psicologia em Pesquisa, Vitória, v. 8, n. 2, p. 136-145, 2014.

WHO. World Health Organization. Preventing child maltreatment: a guide to taking action and generating evidence. Geneva: World Health Organization, 2006.

Downloads

Publicado

2025-09-15

Como Citar

VIOLÊNCIA, FUNÇÕES EXECUTIVAS E POSSÍVEIS IMPACTOS NA APRENDIZAGEM DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS. (2025). Revista Multidisciplinar Do Nordeste Mineiro, 17(1), 1-18. https://doi.org/10.61164/nr9rws29