ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DE TUBERCULOSE EM ADULTOS E CRIANÇAS NO ESTADO DE ALAGOAS (2019–2023)

Resumo

A tuberculose permaneceu como um dos principais desafios de saúde pública no Brasil, mesmo diante de políticas consolidadas de controle. O estado de Alagoas figurou entre os que apresentaram incidência persistente, baixa taxa de cura e mortalidade elevada. Objetivos: Este estudo teve como propósito caracterizar o perfil epidemiológico da tuberculose em adultos e crianças de Alagoas, entre os anos de 2019 e 2023, analisando variáveis demográficas, clínicas e operacionais, com vistas a identificar fragilidades no enfrentamento da doença. Metodologia: Tratou-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva e retrospectiva, baseada em dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram incluídos todos os casos confirmados no período, com análise de indicadores como incidência, coinfecção TB-HIV, taxas de cura, abandono, mortalidade e adesão ao Tratamento Diretamente Observado. Resultados: No intervalo estudado, foram notificados 8.947 casos novos, resultando em coeficiente médio de 33,8/100 mil habitantes. Adultos representaram 72% dos registros, enquanto crianças corresponderam a 8%. A coinfecção TB-HIV foi observada em 9,3% dos pacientes. A taxa de cura alcançou 73%, e o abandono superou 10% em alguns anos. Apenas 54% realizaram TDO completo. No período de 2012 a 2022, registraram-se 2.140 óbitos, com aumento de 12% durante a pandemia. Discussão: Os achados indicaram que a tuberculose em Alagoas refletiu o cenário nacional, marcado por desigualdades sociais, vulnerabilidades estruturais e dificuldades de adesão terapêutica. Considerações finais: Concluiu-se que o controle da doença depende não apenas do fortalecimento da vigilância e do tratamento, mas também de políticas sociais capazes de assegurar condições adequadas para a adesão e prevenção.