INFLUÊNCIAS DA COLONIALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL DO CAMPO: UMA ANÁLISE CRÍTICA
DOI:
https://doi.org/10.61164/jh1k1078Palavras-chave:
Colonialidade; Infâncias do Campo; Educação do Campo.Resumo
A Educação do Campo constitui um direito fundamental das populações que vivem em áreas rurais e demanda práticas pedagógicas que respeitem suas particularidades históricas, sociais e culturais. Contudo, observa-se que muitas escolas do campo ainda reproduzem modelos, ritmos e metodologias oriundos do meio urbano, o que resulta em um distanciamento significativo entre o cotidiano escolar e a realidade dos povos do campo. Essa desconexão repercute diretamente nas experiências das crianças, influenciando seu desenvolvimento social, cultural e educativo. Diante disso, este estudo busca investigar como as pesquisas sobre Educação Infantil no Campo têm sido conduzidas no Brasil e quais enfoques teóricos e metodológicos têm predominado. Para tanto, foram analisadas produções disponíveis na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES. Os achados evidenciam preocupações recorrentes relacionadas às condições estruturais das escolas rurais e à formação docente, frequentemente dependentes de recursos e orientações provenientes de centros urbanos, o que tende a desconsiderar e subestimar os saberes e a cultura das comunidades rurais. Os resultados apontam para a necessidade de práticas educativas que valorizem as especificidades do campo e incentivem perspectivas pedagógicas contextualizadas e culturalmente significativas.
Downloads
Referências
ANDRADE, A. S. Por uma educação transpessoal periférica: contribuições desde as infâncias de(s)coloniais. 2023. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco. Disponível em: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/51413. Acesso em: 26 nov. 2025.
ARAÚJO, L. R. O contexto cultural das crianças em suas experiências com a linguagem escrita na educação infantil do campo. 2023. Monografia (Graduação) – Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Rio Grande do Norte.
BALLESTRIN, L. América Latina e o giro decolonial. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 11, p. 89–117, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-33522013000200004. Acesso em: 26 nov. 2025. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-33522013000200004
CASALLAS, Y. M. S. Educação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra: um espaço de resistência à colonialidade e seus mecanismos de poder. 2020. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Mato Grosso, Mato Grosso. Disponível em: https://ri.ufmt.br/handle/1/3978. Acesso em: 26 nov. 2025. DOI: https://doi.org/10.20873/uft.rbec.e7162
CASTRO-GÓMEZ, S. Ciências sociais, violência epistêmica e o problema da “invenção do outro”. In: LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina: Clacso, 2005.
CHAVEIRO, M. M. R. S.; MINELLA, L. S. Infâncias decoloniais, interseccionalidades e desobediências epistêmicas. Cadernos de Gênero e Diversidade, v. 7, n. 1, p. 99–117, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/cadgendiv. Acesso em: 26 nov. 2025. DOI: https://doi.org/10.9771/cgd.v7i1.43661
CRUZ, S. H. V.; MARTINS, C. A. Políticas públicas e a voz das crianças. LaPlage em Revista, v. 3, n. 1, p. 8–21, 2017. https://doi.org/10.26894/laplage.v3i1.229. DOI: https://doi.org/10.24115/S2446-6220201731241p.29-43
FARIAS, M. N.; FALEIRO, W. Educação dos povos no Brasil: colonialidade/modernidade e urbanocentrismo. Educação em Revista, v. 36, p. 1–21, 2020. https://doi.org/10.1590/0102-4698216229. DOI: https://doi.org/10.1590/0102-4698216229
FERNANDES, P. S. R.; SANTOS, R. B.; BAHIA, B. C. M.; NASCIMENTO, S. Atendimento e/ou acesso de crianças à educação infantil do/no campo. Cadernos da FUCAMP, v. 26, p. 99–120, 2024. Disponível em: https://www.revistas.fucamp.edu.br/index.php/cadernos/article/view/3311. Acesso em: 26 nov. 2025.
FERREIRA, A. L.; SILVA, S. C. R.; SILVA, S. C. R. Psicologia transpessoal: histórias, conquistas e desafios. Recife, PE: Editora UFPE, 2016.
FORMOSINHO, J. Pedagogias da infância: reconstruindo uma práxis de participação. In: FORMOSINHO, J.; KISHIMOTO, T. M.; PINAZZA, M. A. (Orgs.). Pedagogias da Infância: dialogando com o passado: construindo o futuro. Porto Alegre, RS: Artmed, 2007. p. 13–36.
FREIRE, P. Criando métodos de pesquisa alternativa: aprendendo a fazê-la melhor através da ação. In: BRANDAO, C. R. (Org.). Pesquisa Participante. São Paulo, SP: Editora Brasiliense, 1981. p. 34–41.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Paz e Terra, 2005.
GOBBI, M. Linguagens múltiplas de crianças e a prática da educação infantil. In: Anais Currículo em Movimento. Belo Horizonte, MG, 2012.
GONZÁLEZ, S. B. Modernização e disciplina: a formação do cidadão entre espaços públicos e privados. In: GONZÁLEZ, S. B. (Org.). Esplendores e desafios do século XIX. Cultura e sociedade na América Latina. Caracas, VE: Monte Ávila Editores, 1995.
LARROSA, J. Tremores: reflexões sobre experiência e aprendizado. Belo Horizonte, MG: Autêntica Editora, 2018. v. 3, n. 1.
MALDONADO-TORRES, N. Sobre a colonialidade do ser: contribuições para o desenvolvimento conceitual. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFUGUEL, R. (Orgs.). O giro decolonial: reflexões para uma diversidade epistêmica além do capitalismo global. Bogotá, CO, 2007. p. 127–167.
MIGNOLO, W. D. A colonialidade na totalidade: o hemisfério ocidental e o horizonte da modernidade. In: LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires, AR: Clacso Editora, 2005.
MIGNOLO, W. Epistêmica desobediente: alternativas descoloniais e a construção da identidade política. Cadernos de Letras da UFF, v. 34, p. 287–324, 2008. Disponível em: http://www.uff.br/cadernosdeletrasuff/34/traducao.pdf. Acesso em: 26 nov. 2025.
MIGNOLO, W. Pensamento decolonial: desprendimento e abertura de um manifesto. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFUGUEL, R. (Orgs.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá, CO, 2007. p. 25–46.
MOROSINI, M. C.; FERNANDES, C. Estado do conhecimento: conceitos, objetivos e interlocuções. Educação por Escrito, v. 2, n. 5, p. 154–164, 2014. DOI: https://doi.org/10.15448/2179-8435.2014.2.18875
MOROSINI, M.; KOHLS-SANTOS, P.; BITTENCOURT, Z. Estado do conhecimento: fundamentos e práticas. Curitiba: Editora CRV, 2021. DOI: https://doi.org/10.24824/978655868991.1
NOGUERA, R. A força da infância: espiritualidade e política sob perspectiva afro. Momento: diálogos em educação, v. 1, n. 28, p. 127–142, 2019. DOI: https://doi.org/10.14295/momento.v28i1.8806
PIMENTEL, E. R. Educação Infantil do Campo e o Currículo: experiências e oportunidades para as crianças. 2019. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.
PORTARIA INTERMINISTERIAL no 1, de 23 de fevereiro de 2024. Disponível em: https://www.gov.br/fnde/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/financiamento/fundeb/legislacao/2024/portaria-interm-no-1-de-23-de-fevereiro-de-2024.pdf/view. Acesso em: 26 nov. 2025.
QUIJANO, A. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires, AR: Clacso, 2005. Disponível em: https://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/sur-sur/20100624103322/12_Quijano.pdf. Acesso em: 26 nov. 2025.
QVORTRUP, J. Infância como fenômeno social: introdução a uma série de relatórios nacionais. Viena: European Centre, 1991.
RESOLUÇÃO n. 1, de 3 de abril de 2002. Estabelece as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do campo. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=13800-rceb001-02-pdf&category_slug=agosto-2013-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 26 nov. 2025.
RESOLUÇÃO n. 2, de 28 de abril de 2008. Estabelece Diretrizes Complementares, normas e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educação Básica do Campo. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/resolucao_2.pdf. Acesso em: 26 nov. 2025.
RESOLUÇÃO n. 5, de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/diretrizescurriculares_2012.pdf. Acesso em: 26 nov. 2025.
ROSSETTO, E. R. A.; SILVA, F. T. S. Brincadeiras e cantos na infância do campo. In: CALDART, R. S.; PEREIRA, I. B.; ALENTEJANO, P.; FRIGOTTO, G. (Orgs.). Enciclopédia da Educação Rural. Rio de Janeiro; São Paulo: Editora Expressão Popular, 2012. p. 127–130.
ROSSETTO, E. R. A. Crianças do campo em movimento: ludicidade e resistência na Reforma Agrária. In: SILVA, I. O.; SILVA, A. P. S.; MARTINS, A. A. (Orgs.). Infâncias rurais. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.
SECRETARIA DA EDUCAÇÃO E DA CULTURA. Documento curricular do Estado do Rio Grande do Norte: educação infantil. Natal, RN, 2018. Disponível em: http://www.adcon.rn.gov.br/ACERVO/seec/DOC/DOC000000000190572.PDF. Acesso em: 26 nov. 2025.
SILVA, A. P. S.; PASUCH, J.; SILVA, J. B. Educação Infantil do Campo. São Paulo: Editora Cortez, 2012.
SILVA, I. O.; SILVA, A. P. S.; MARTINS, A. A. (Orgs.). Infâncias do Campo. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.
SILVA, L. R. G. M.; ESTEBAN, M. T. Movimentos decoloniais numa pesquisa com crianças: tecendo possibilidades. In: Anais da 41ª Reunião Nacional. Manaus, 2023. Disponível em: http://anais.anped.org.br/sites/default/files/arquivos_47_34. Acesso em: 26 nov. 2025.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Maria Jocélia Oliveira Furtado, Fabio Coelho Pinto
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista;
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista, desde que adpatado ao template do repositório em questão;
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
- Os autores são responsáveis por inserir corretamente seus dados, incluindo nome, palavras-chave, resumos e demais informações, definindo assim a forma como desejam ser citados. Dessa forma, o corpo editorial da revista não se responsabiliza por eventuais erros ou inconsistências nesses registros.
POLÍTICA DE PRIVACIDADE
Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente para os serviços prestados por esta publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou a terceiros.
Obs: todo o conteúdo do trabalho é de responsabilidade do autor e orientador.
